www.jardineirasdeplantao2.blogspot.com


sábado, 30 de junho de 2012

Confraternização Junina - Mensagens de Estudo

A idéia é utilizar textos com trovas de Cornélio Pires, retiradas do livro: Baú de Casos, após isso, cada grupo irá apresentá-lo no estilo designado: repentista, caipira e catira. Vai ser muito engraçado!!! Já estou imaginando!!!

Problema de Queixas

Tenho aqui sua consulta,
Meu caro Raimundo Seixas;
Você pede opinião
Quanto ao problema das queixas.

Sem rodeios sobre o assunto,
Posso afirmar, meu irmão,
Toda queixa, quase sempre,
É conversa gasta em vão.

A gente chora, reclama,
No entanto, o caso é sabido:
Lamentação sem trabalho
É voz de tempo perdido.

Cada pessoa recebe
Certo serviço a fazer,
Somos nós servos da vida,
Cada qual em seu dever

Se o espírito é rebelde,
Perante o mínino encargo,
Inclina-se para a fuga
Começando em verbo amargo

Lastima-se contra o tempo
Em tudo, seja onde for,
Censura-se o pó, a pedra,
O vento, o frio, o calor...

Mas nessa história de queixas,
Você pode registrar:
Quem caminha reclamando
Principia a piorar.

Dever é um fardo do Céu
E a quem o vote a desprezo,
Surge uma lei vigorosa
Impondo ao fardo mais peso.

Parece que Deus nos cede
Uma cruz de dons extremos,
Fugindo a ela, encontramos
As cruzes que merecemos.

Você recorda o Alexandre,
Clamava contra chefias...
Depois, ficou sem trabalho
Por mais de quinhentos dias.

Chorando quatro cruzeiros,
Saiu Antonico Brotas,
Vindo logo a tromba d´água,
Levou-lhe o colchão de notas.

Reclamando anel perdido,
A irada Dona Rosenda,
Transportando vela acesa,
Incendiou a fazenda.
Ao queixar-se contra a esposa,
Laurindo da Conceição
Atirou dez mil cruzeiros
Na fogueira de São João.

Zangando-se contra a chuva
Dona Liquinha Pastura,
Ao correr, teve uma queda
De quatro metros de altura.

Penso hoje, caro irmão,
Pelas provas que já vi:
A pessoa, em se queixando,
Perde o controle de si.

Após a morte do corpo
É que se vê quanta gente
Lastima o tempo perdido
Ao zangar-se inutilmente.

Anote o caso em você,
Em você e em derredor:
Na vida de quem se queixa
A vida fica pior.

Se você quer ser feliz
Na terra e no Mais Além,
Trabalhe, siga e prossiga
Sem se queixar de ninguém.

Cornélio Pires

Provas e Calamidades

Você nos pergunta, em carta,
Meu caro Alfeu Segismundo,
Como encontrar alegria
Nas graves provas do mundo.

E continua afirmando:
- Cornélio, o que diz você?
Tanta lágrima na Terra,
Não sei explicar porquê...

Basta ler, ouvir e ver,
Nos campos de informação,
E a gente sofre pensando
Em tanta tribulação.

É guerra que não se acaba,
É desespero alastrando,
É clima destemperado,
Calamidades em bando....

É tromba d´água caindo,
Geada, seca, maré...
Amargura e insegurança
Surgem na falta de fé.

É desastre, a toda hora,
É murro de força bruta...
De que modo ser feliz
Em meio de tanta luta?

Digo, porém, caro amigo,
Que a Terra foi sempre assim:
- A escola que sempre educa,
Tanto a você, quanto a mim.

Você sabe: o educandário
Em que a gente se renova
Reclama trabalho, esforço,
Lição, disciplina e prova...

Mas se quer felicidade,
Medite, prezado Alfeu,
Nas cousas boas da vida
Que você já recebeu.

Pense nas almas queridas
Que o situaram no bem,
Nos recursos que o protegem,
Nas amizades que tem.

Olhe o poder que possui
De buscar o que lhe agrade,
Você consegue mover-se,
Conforme a própria vontade.

Lembre o sono que desfruta,
A mesa que o reconforta,
A fonte jorrando em casa,
O pão que lhe vem à porta.

Recorde a sombra vencida
Pelos dons da luz acesa,
Os recursos do progresso
E as bênçãos da natureza.

Medite nos animais
Que sofrem no dia a dia,
Para que o prato lhe seja
Um transmissor de alegria.

Pense nos dias tranquilos
De estudo, de calma e prece,
Nas horas somente suas
Em que ninguém lhe aborrece.

Então, você notará,
De atenção célere e pronta,
Que os benefícios da Terra
São benefícios sem conta.

Em síntese, caro amigo,
No mundo, a gente, a meu ver,
Muito pouco sofreria
Se soubesse agradecer.

Se você quer progredir
Na luz que Deus nos consente,
Esqueça a conversa mole,
Largue a queixa e siga em frente.

Cornélio Pires

Notícia da Sombra

Prezada Marta Eliana,
Deseja você que eu diga
Como é que se vê do Além
A trajetória da intriga.

De tratamento difícil
A sua estimada carta.
Não sei como respondê-la...
Desculpe, querida Marta.

Comparo a intriga à uma sombra
Que atrapalha qualquer vida,
Por dentro do coração
Em que seja recebida.

Para notar-lhe de perto
A força estranha e nefasta,
Certa vez, acompanhei-a
Nas trilhas onde se arrasta.

Notei-a falando baixo
Com Zeferina do Alfeu,
Decorridos alguns dias
A coitada enlouqueceu.

Outra porta que se abriu
Foi a de Gino Delgado,
O pobre, depois de ouvi-la,
Atirou sobre o cunhado.

Em seguida, conversou
Com Dona Flora Bonilha,
Dona Flora transtornada
Espancou a própria filha.

Tomou a atenção de Juca,
Sobre o filho, o João Libório;
O pai, depois de alguns dias,
Rumou para o sanatório.

Buscou a loja de Zeca
Pixando Elísio Coutinho;
No outro dia, Zeca, em fúria,
Avançou sobre o vizinho.

Observe a confusão,
Onde a sombra ganha pé,
Principalmente nas casas
Que se dedicam à fé.

Grupo Espírita modelo,
Era o Centro de Irmã Rosa,
Que após aceitar a sombra,
Acabou-se em polvorosa.

Ela, um dia, penetrou,
No Instituto da Oração,
Em pouco tempo, o Instituto
Caiu em perturbação.

Um grupo de caridade,
Era o de Irmã Genoveva,
O grupo abraçou a sombra,
Depois envolveu-se em treva.

Tome cuidado... A pessoa
Que acolhe a intriga onde esteja
Adoece sem notar
A influência malfazeja.

Não tema. Você conhece...
Onde a sombra se detém,
A conversa vai saindo
Dos alicerces do bem.
Quanto ao mais, lembro o conselho
do velho Cirino Horta:
-“Quando a intriga aparecer,
Nada ouça e cerre a porta.”

Cornélio Pires

Nenhum comentário:

Postar um comentário